[Fag.Tar] A Força delas
O intuito desta pesquisa é contribuir para uma ainda escassa reflexão sobre as práticas, seus efeitos e significados, das mulheres indígenas e de sociedades tradicionais nos processos territoriais, a partir de perspectivas interdisiplinares e colaborativas. Busca-se consolidar no âmbito desta pesquisa uma rede já existente de colaboração entre historiadoras, arqueólogas, antropólogas e mulheres indígenas e ribeirinhas, numa tentativa conjunta de compreender as práticas, os papéis e processos de identificação/reconhecimento e representação, conquistados e atribuídos às mulheres particulamente nos contextos de formação, uso manutenção e significação de seus territórios. Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizarei três abordagens metodológicas: a compilação e escrita de biografias de mulheres; análise dos dados de pesquisas etnoarqueológicas; e a sistematização de dados arqueológicos, históricos e etnográficos publicados sobre a temática relacionada às mulheres e suas relações com os processos de territorialidade. O desenvolvimento desta pesquisa, visa assim diminuir a invisibilidade da mulher nas narrativas históricas, pré-coloniais, coloniais e do tempo presente no context brasileiro, em contraposição à sua presença constante nos mitos e sua importância nas formas de organização, liderança e representação social indígena desde a conquista européia até os dias de hoje, particularmente no manejo territorial, agricultura e luta pela terra.
O primeiro volume da revista/plataforma digital foi lançado em abril de 2020 e encontra-se no ar: https://fagtar.org, contando apresentação, biografias das colaboradoras, a seção “Expressões”, que hospeda produções artísticas, tais como duas exposições em tela, duas exposições fotográficas, duas intervenções sonoras. Na sua seção acadêmica, a Revista conta com um editorial assinado por mim e Jozileia Daniza Kaingang, dois artigos inéditos de intelectuais indígenas, um dossiê temático sobre a Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília em 2019 e a divulgação de um capítulo sobre as Mulheres Indígenas na ditadura assinado por mim e outras autoras. A seção “a luta hoje”, temos a trajetória de mulheres indígenas que fizeram e fazem história e a divulgação de notícias importantes sobre o tema. Ao final, temos uma seção compartilhada com o Uyruma.org Museu Digital de História (outro projeto de extensão que mencionarei abaixo), onde temos duas subseções, “biografias do passado” e “biografias do presente”. Em “biografias do passado” temos um artigo inédito sobre a trajetória de uma mulher Apinajé no período da ditadura, uma nota biográfica, o compartilhamento de um artigo publicado sobre a trajetória de uma mulher Makurap e um Memorial com mulheres indígenas marcantes que morreram recentemente. Em “biografias do presente” contamos com sete vídeos inéditos, com entrevistas de mulheres indígenas e suas histórias de vida.
O lançamento recebeu cobertura da APIB/Nacional (https://www.facebook.com/apiboficial/videos/694104058060807/), tendo sido realizado uma LIVE com diversas colaboradoras indígenas no evento ACAMPAMENTO TERRA LIVRE (ATL Online 2020), anualmente organizado pela APIB, um dos maiores eventos do movimento indígena nacional.
Trata-se de um projeto interinstitucional, sediado pelo LEIA/UFSC e TEMPO/UFS e produzido pela Tripous Produções. O projeto contou com financiamento do CNPq, Chamada Universal – Ciências Humanas até dezembro de 2021.